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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Indústria do Medo

Métodos coercivos bem nítidos; Inquisição; "os bárbaros irão saquear as cidades, fujam!", então, logo procura-se um feudo onde haja segurança e, mesmo que gaste todos os esforços trabalhando pelo enriquecimento do senhor feudal, há a garantia de vida e, mesmo que podre, há a alimentação; "Cuidado ao pensar em malícias demoníacas sexuais, homem, a mulher é o pecado! Almeje-a e o inferno lhe aguarda!"; feminino, palavra que significa pouca fé, ou seja, mulher, objeto de perdição diante de Deus; etc. Sim, digo-lhe sobre a Idade Média.

Homicídios, roubos, furtos, esquartejamentos, sequestros, ganância. Há quem diga que é um resumo daquilo que ocorre nos dias de hoje, todavia não passa de uma declaração extremamente completa e objetiva.

Qual a semelhança? Embora ações diferentes, há, por trás de tudo, um sentimento único, que possibilita toda a conservação social. O medo.

A indústria mais antiga é a Indústria do Medo, onde criam mecanismos capazes de exercerem um gigante controle sobre toda a população mantendo a "ordem", que, aparentemente, é mantida pelas leis. Há mais de 1000 anos fora criada. Nunca mais fora destruída por completo, apenas modificada e com sempre novos conhecimentos agregados.

Estes mecanismos avançados, na Idade Média, eram mantidas pelas elites, dentre os quais engenheiros eram o Clero (Igreja Católica), a nobreza e os senhores feudais, com o objetivo de manter conservado o servo em suas respectiva posição social. Existia todo um trabalho pré-estabelecido, tal como qualquer máquina, que estava encarregadi de deturpar ideias cristãs e criar novos valores morais para o mantimento da ordem social.

Por via das dúvidas, os grandes engenheiros desta gigante fábrica criaram um mecanismo especial para repor alguns erros de fabricação na área responsável pela introdução dogmática e doutrinária sobre os servos: a Inquisição. Erros os quais eram considerados "pecado", algo que, caso a máquina detectasse, aquele servo teria seu destino traçado ao fogo, elemento programado como "purificador" diante das Escrituras.

Mas que fantástico! A Indústria do Medo estava programada para realizar, vezes ou outras, tais erros, pois, faziam parte do mantimento do objetivo central da indústria, o temor! Apenas com a ação e a realização da punição que o temor se estabeleceria diante do povo, então, que façamos sofrer! Então, que façamos pecar!

Há nesta fábrica também uma área, criada, logicamente, e quase que exclusivamente, pelos senhores feudais, que era responsável pela produção e reprodução periódica de saques e assassinatos de um povo dito "inferior", cujo nome haveria de ser bastante sugestivo, Bárbaros! Ah, mas que desgraça! Homens inferiores enlouquecidos e sádicos atacando cruelmente as populações nas cidades! Agora, a função é levar mais e mais pessoas receosas aos feudos, para ali obterem segurança e, todavia, trabalhar exaustivamente àquele que lhe concebe segurança. Mais uma peça prefeita da fantástica fábrica de 1000 anos.

Devemos recordar da máquina responsável pela criação do pecado diante do pensamento humano, tal como pensar em sexo? Aliás, aqui já acabamos de lembrar. Tocais, ou mesmo, pensastes em mulher, sexo, que será queimado e terá como destino o inferno!

Mas esta fábrica, com mais outros milhares de recursos de variadas escalas e importâncias dentro da conservação do medo, como já foi dito, sofre alterações, e, às vezes é violentamente atacada. Mas qual será o motivo dos ataques? Se fora violentamente atacada mais de uma vez, porque não se destruiu? Será o erro da fábrica? Mas não é perfeita?

Erro da fábrica!? Nunca. Mas erro de quem a mantém. Se, neste espaço histórico fora o Clero (Igreja Católica), a nobreza e os senhores feudais aqueles encarregados de lhe manter, sim, a culpa fora deles. Administração de um gigantesco e complexo mecanismo como este, realmente, não é fácil, mesmo este podendo suprir-se até com seus próprios erros.

A fábrica se destruir? A fábrica se alimenta de seus erros como também se alimenta da queda dos seus respectivos administradores. É uma fábrica, uma indústria do medo, e, com a reação de pessoas que lhe foram alvo àqueles que lhe administram, nasce, pois, o medo; o medo, sentimento que faz nascer o poder e o controle; faz nascer o medo naqueles que administram.

O medo criado àqueles administradores é sim capaz de reverter a situação social hierárquica e fazer aqueles então alvos tornarem então os controladores. Porém estes não têm noção, inteligência, tampouco capacidade de gerir uma indústria como esta. O que então se sucede? A queda dos administradores. Eis que vem, então, os melhores capacitados, agora experientes em virtude da última queda, e tomam-lhe a gestão, a administração. Nasce um novo ciclo, com novas peças, novos planos, nova organização, mas mesmo objetivo: fazer reinar o medo.

Nos nossos tempos, milênio e séculos de existência da indústria, depois de vários administradores que caíram, estamos-nos aqui, com uma novidade: quem gere, quem organiza e administra a indústria, é o próprio alvo.

Absolutamente todas as classes sociais, todas as pessoas, absolutamente toda a população vive sob medo e tensão, e, estas mesmas, como administradoras, criam mecanismos para se aconchegarem, se acostumarem como podem nesta realidade.

Agora sim podemos dizer que não haverá mais alternância de gestão? Agora sim, poderemos, com certeza, dizer que chegamos no nível máximo de alcance dos objetivos da indústria? Não podemos dizer nada. Oras, vivemos pela indústria, decisões e pensamentos nossos são produtos da indústria. Não comandamos a indústria; a indústria nos comanda. O medo nos gere. O medo nos torna apáticos, sem vontade e coragem para tomar alguma, qualquer que seja, atitude.

Medo mascarado de ordem e organização social, controle e opressão mascarados de segurança.

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